Despertar CEBI | Set. 2018 | Medicina Física e Reabilitação

reabilitação na qualidade de vida

Texto escrito ao abrigo do antigo Acordo Ortográfico

A percepção que o indivíduo tem da sua posição na vida de acordo com o contexto em que está inserido, sua cultura, valores, bem como quanto aos seus objectivos, expectativas e preocupações correspondem a um conceito que se pode definir como “Qualidade de Vida”, de acordo com a Organi - zação Mundial de Saúde (OMS). É um conceito muito vasto, que integra aspectos tão variados como saúde física, estado psicoló- gico, nível de dependência, relações sociais, crenças e interacção com o meio ambiente. A preocupação com a “Qualidade de Vida” e a sua relevância na actividade assistencial, é recente, se inserida na história da Humanidade. A OMS lançou em 1997 um programa que tinha como título “Saúde para todos até ao ano 2000”. Este programa, com 37 metas, incluía algumas bastante para - digmáticas, de que destaco: “Mais anos à vida”, “Mais vida aos anos” e “Mais qualidade de vida para todos”. A especialidade de Medicina Física e de Reabilitação (MFR) em muito assenta a sua intervenção no pressuposto destas metas. Ao “educar para estilos de vida saudáveis e promovendo a prática regu - lar de exercício físico”, ao “cuidar da pessoa doente, reabilitá-la, maximizando a sua função e se possível restituindo-a à sua vivência anterior” e ao “acompanhar as pessoas em etapas difíceis, ao longo de todo o percurso da vida humana, desde a sua concepção até à morte”. Nu mundo dinâmico e em constante transformação também os conceitos são mutáveis e o de qualidade de vida tem sofrido (e por certo continuará) enormes alterações ao longo das épocas, fruto de novos conhecimentos, objectivos alcançados e de novos desafios. De igual modo o conceito, aliás, a percepção do mesmo, é extremamente variável; o que um jovem Japonês percepciona como qualidade de vida não é por certo o mesmo que um jovem Santomense percepcionaria como tal. E o que para um adulto activo e saudável em qualquer país do mundo poderá ser qualidade de vida, é bem diferente do que um idoso, dependente, considera. Condições socioeconómicas, culturais e crenças, para além da idade e estado de saúde, em muito modulam a percepção/conceito de qualidade de vida. O que parece ser consistente é que, à medida que as pessoas envelhecem, bem como em situação de doença e deficiência, a qualidade de vida torna - -se fortemente determinada pelos graus de autonomia e independência. Assim sendo, é claríssima a associação entre qualidade de vida e a especialidade médica MFR. De acordo com a “Union Européen de Médicins Specialistes” a MFR é uma especialidade médica res - ponsável pela prevenção, diagnóstico, tratamento e organização do programa de reabilitação de indivíduos afectados funcionalmente, por uma doença, traumatismo ou deficiência, em todos os gru - pos etários e nas condições aguda e crónica. A reabilitação está assim presente ao longo de todo o percurso de vida e em todos os segmentos de cuidados de saúde. Os seus principais objectivos são a promoção das funções física e cognitiva, a actividade (incluindo os comportamentos), a participação (incluindo a qualidade de vida) e a modificação de factores pessoais e ambientais (dos quais se destacam os produtos de apoio), orientada por um modelo bio-psico-social. As equipas de Reabilitação são multiprofissionais e incluem médicos Fisiatras, Fisioterapeutas, Terapeutas Ocupacionais e da Fala, Enfermeiros, Psicólogos, Técnicos Ortoprotésicos, Assistentes de Reabilitação, e Sociais, entre outros, que actuam em multidisciplinariedade, complementando- -se numa intervenção sinérgica. A comunicação é fundamental em Reabilitação e metas de tratamento apropriadas, realistas e atem-

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