Histórias de silêncio num mundo aos gritos

HISTÓRIAS DE SILÊNCIO NUM MUNDO AOS GRITOS

Sabe, Olga, lá fora o vento uiva uma melodia triste, demasiado repetitiva para ser levada a sério. Dizem os ventos que as marés não dormem esta noite. A lareira crepita lentamente. O pão ainda está morno à sua mesa. Vai agora para casa, deixando um livro partido ao meio no chão do quarto. Estão sozinhos na caixa os retratos das crianças que teve no colo, havia as suas mãos apertadas com força… São horas de voltar. Para outra casa. Arruma os livros, esconde as cartas, relê os poemas que são filhos e vira os retratos para a mesa. Sabe agora que o tempo se magoou de nós, sabemos que não voltamos, e ouvimos dizer que as aves partem sempre, assim, subitamente… É que, sabem, esta dona do silêncio continua a venerar palavras! E a amar crianças!

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E o dia nasceu novamente, trazendo o lugar onde se imaginam, alargados, os horizontes...

COIMBRA, 7.4.2019 (OUVINDO BRAHMS)

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