Despertar CEBI | Set. 2020 | Sempre na linha da frente

O medo e a ansiedade associados ao risco de saúde, o stress profissional, o distanciamento social e as mudanças dos hábitos pessoais e familiares em espaços e tempos abruptamente altera- dos foram, entre outros, motivos suficientes para a criação dessas novas respostas, articuladas e em sintonia com a Administração e o Diretor Geral, bem como com os restantes Departamentos da CEBI. “Foram pequenos fermentos para uma composição que já lá estava”, recordaram Isabel Casta- nho e Nuno Rocha, reiterando, ainda assim, a importância destes suplementos na intervenção, que vieram, acima de tudo, ajudar na melhoria das práticas antes implementadas – “é muito interes - sante perceber que numa situação de tamanha dificuldade, todos encontrámos formas de melhorar”.

Mais de 600 pessoas abrangidas pelo apoio da CEBI

A ajuda alimentar não é mais do que a dimensão mais visível de qualquer coisa incrivelmente mais complexa. E para isso sim, importa construir respostas.

Também o número de solicitações que chegaram ao DISC aumentaram durante o período de pandemia. Em dois meses e meio, acresceram em 30% os pedidos de ajuda alimentar, sem esquecer que “um pedido de apoio destes despoleta uma solicitação mais vasta do que isso”. Atualmente, são cerca de 200 os agregados familiares que estão ao abrigo deste programa, o que corres- ponde a mais de 600 pessoas abrangidas pelo mesmo. No entanto, a ajuda alimentar, lembraram os responsáveis pelo Departamento, “é a dimen- são mais visível de qualquer coisa incrivelmente mais complexa”, por isso, “esse pedido ini- cial traz consigo um conjunto de outras necessidades que temos, depois, de acompanhar”. Os números não são estanques. Nem cumulativos. “Felizmente, há famílias que vão ganhando com- petências e autonomia, deixando de necessitar da nossa intervenção”. Esses casos de sucesso também ocorreram durante os períodos mais críticos da pandemia. Mas, na realidade, “foram raros os dias em que não chegaram novos pedidos de apoio”. De pessoas que não são anónimas. Têm um rosto e uma grande fragilidade familiar associada – “lidamos com trabalho precário, com muitos imigrantes à espera de autorização de residência e com casos de monoparentali- dade”. Situações que não são novas ou apenas características do momento que o mundo atra- vessa – “o mais peculiar neste período foi a precipitação de situações que já eram frágeis”. A distância física imposta, nos primeiros contactos e na criteriosa avaliação de neces- sidades, geraram desafios que não existiam – “colocaram-se muitas barreiras que tivemos que ultrapassar por não podermos conhecer o agregado presencialmente”. Afirmaram-no as técnicas Vera Lima e Mafalda Tomás, habituadas a um tempo em que “estar no terreno” era sinónimo de uma proximidade física que gerava imediata empatia e relações de confiança. “Obrigámo-nos a um distanciamento que é físico, mas que não pode, de maneira alguma, ser social. Repetimos várias vezes os mesmos contactos e sabemos que isso foi fundamental para continuarmos pró- ximos da Comunidade”. Mas as angústias, essas, também se acumularam. Porque as necessidades

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