Mas a essência mantém-se. Não se perde. Inten - sifica-se. Teresa Rodrigues explica: “A nossa identidade está vincada num projeto interge- racional. As limitações que implementámos nos últimos tempos, em todas as respostas sociais, obrigam-nos a colocar ainda mais dedicação em tudo o que fazemos. Cada um de nós aprendeu a dar ainda mais de si”. Na ausência dos contac- tos entre diferentes gerações, reinventam-se outras formas, outras atividades, que vieram apaziguar a saudade que todos sentem das vidas em movimento, do toque e do abraço. As equipas Casulo quando tudo se complicou Quando o número de infetados pela Covid-19 não parava de aumentar, as Auxiliares de Ação Direta do CRE viveram durante 14 dias, 24 sob 24 horas, a cuidar dos “seus” Idosos. Esse espírito de missão, que está embutido e ultrapassa as fronteiras temporais da pan- demia, intensificou-se nos Estados de Emer - gência e Calamidade, onde todos, sem exce- ção, viveram de perto o perigo inerente a uma transmissão comunitária sem controlo. Quando o número de infetados pela Covid-19 não parava de aumentar, as Auxiliares de Ação Direta do
CRE revelaram, junto do corpo técnico e dire- tivo do equipamento, que estavam “disponíveis para integrar ‘Equipas Casulo’, tomando conta dos “seus” Idosos o tempo que fosse preciso, sem sair da Instituição”. A força destas pala- vras é reveladora da sua generosidade e espí- rito de missão. Todas, de forma unânime e voluntária, viveram, durante 14 dias, no seu local de trabalho. 24 sob 24 horas, privadas das suas famílias e dedicadas exclusivamente a uma causa. “E porquê?” Porque era a forma mais eficaz de “protegermos os utentes”. “E porquê?” – insistimos. Porque o que as preo - cupava mesmo era “os Idosos puderem perder as suas vidas”. A assertividade no testemunho não escondeu a emoção que Ana Vieira e Rosa Santos trouxeram à conversa. Em representação de tantas outras colegas, as Auxiliares de Ação Direta garan- tiram que “se para nós foi difícil”, para os Idosos “foi muito mais”. A experiência, por sua vez, “foi única” e o desafio profissional arrebatador. “Crescemos muito”, concordaram, “e passámos a conhecer as colegas profunda- mente, mesmo aquelas com quem já trabalhamos há muitos anos”. A decisão de criar duas ‘Equipas Casulo’, que não abandonavam as instalações da Institui- ção, e que alternavam entre si de 14 em 14 dias, foi “uma das que mais me custou tomar”. Teresa Rodrigues não esquece a “generosidade gigante destas profissionais”, e relembrou que “não há decisões sem risco”.
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