confinamento”. Joana Viçoso é Técnica de Rea - bilitação e Inserção Social no CRE. Tem difi - culdade em “desligar” porque o seu trabalho não tem horário nem dias da semana marcados. Acompanha de perto o período de exceção que estamos a viver e reconhece que “a exigência do momento tem servido, também, para for- talecer as relações profissionais”. Parti - lha o dia a dia “com uma equipa que já era muito dedicada e colaborativa” e sente que agora, mais do que nunca, “somos muito coe- sas e nunca deixamos de estar perto umas das outras”. Sobre o período de confinamento disse que “houve uma necessidade enorme de reestru- turação. Grande parte da liberdade passou a estar condicionada e os projetos de autonomia também foram obrigatoriamente reajustados”. Tudo “significou uma grande mudança” com mui - tas dificuldades que ainda hoje são visíveis. As “vidas congeladas” são, para quem está no terreno, a ameaça mais premente do tempo que parou. “O que já era lento, vai ser ainda mais”. Os projetos de inserção, por exem- plo, que sempre foram exigentes na finalidade primeira de proporcionar uma total autono- mia, veem agora multiplicadas as dificulda - des: “porque quem trabalhava deixou de tra- balhar e quem estava à procura de emprego vê essa pesquisa muito condicionada”. Gerir e saber lidar com todas estas expectativas são fatores que “acrescem ao conjunto de comple- xidades que já eram inerentes à intervenção que o CRE desenvolve nesta Comunidade”. Joana espera “tempos onde a resiliência vai ser crucial e permanente”, mas sabe que essa exi- gência não chegou só com a nova realidade que protagonizamos: “o trabalho social é um desa- fio constante, onde muita coisa é recriada de acordo com as oportunidades que vão surgindo. Isso não para. E vai ser sempre assim”. DC
As dificuldades que ainda hoje são visíveis Joana Viçoso , Técnica de Reabilitação e Inserção Social no CRE, tem dificuldade em “desligar” porque o seu trabalho não tem horário nem dias da semana marcados. Há muito trabalho invisível neste processo. Todos os que diariamente entram nesta Casa estão conscientes do rigor que é indispensá- vel nas rotinas diárias. Sabe-se, aceita-se e partilha-se o sentimento de que não há espaço para o erro. Contrabalança-se esta pressão mantendo “zero casos positivos”. Mas este selo tem, neces - sariamente, um sabor agridoce. É Teresa quem nos esclarece: “a preocupação é que esses negativos não nos encham de uma confiança e segurança excessivas. Não podemos baixar a guarda e temos de estar preparados para todos os cenários”. A maior ameaça: as vidas congeladas Aceita-se e partilha-se o sentimento de que não há espaço para o erro.
Certos de que o pior pode ainda não estar ultrapassado, adaptam-se hábitos “com muita precaução”. Na Comunidade de Inserção, por exemplo, “faz-se um trabalho diário para que todos percebam a responsabilidade deste des-
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