acredita, o maior reflexo disso mesmo está no facto de, “felizmente, não estarmos a sofrer problemas de maior, mesmo lidando com muitos grupos de risco”. Ainda assim, a Diretora Clínica foi cautelosa, dei- xando claro que “não estamos livres nem isentos” de infeções e contá- gios, até porque “não nos podemos esquecer que lidamos, diariamente, com muitas pessoas”. A tendência para “banalizar procedimentos” leva a que, por vezes, “fiquemos menos alertas” e “quando entra numa rotina, tudo pode resvalar”.
“Estamos todos a aprender a viver outra vez” Todas as pessoas são colaborativas e assim todos os procedimentos se tornam naturais.
A retoma da atividade da Clínica foi gradual e vivida com alguma tensão e ansiedade. “Começámos por reabrir a área de tratamentos de Fisioterapia e as consultas de Fisiatria, depois os tratamentos de Terapia da Fala e só mais tarde os de Terapia Ocupacional”, explicou Manuela Amaral. “Foi uma reabertura progressiva para garantirmos que todos se adaptavam às normas em vigor”, acrescentou. A estrutura fundacional foi, mais uma vez, essencial neste processo – “tivemos sempre um apoio muito grande das diferentes áreas, como do Gabinete de Comunicação e Imagem, do Departamento de Sistemas de Informação, dos Serviços Auxiliares, do Aprovisionamento e dos Recur- sos Humanos”. A pressão para “evitar situações de contágio e oferecer segurança e confiança a todos os utentes” foi grande, pelo que, multiplicou-se o medo de falhar. Era preciso “ter a certeza que os doentes não tinham medo de estar na Clínica e nós próprios não termos receio de os tra- tar”, explicaram as Fisioterapeutas. A este nível, Cristina Filipe e Maria João Grilo destacaram ainda a exigência dos “procedimentos mais rigorosos e complexos”, que agora são obrigadas a cumprir, como uma das suas “maiores preocupações”. Já sobre a gestão possível do distan- ciamento social, esclarecem: “a nossa profissão é desenvolvida essen - cialmente através do toque, com uma parte afetiva muito complexa”. Alguns meses depois da reabertura, o balanço “é muito positivo”. Há uma consciência cívica de todos os utentes e profissionais, fundamen - tal para a manutenção das condições de Saúde Pública – “sentimos que as pessoas são colaborativas e que, aos poucos, tudo se tem tornado natural”, concordaram as Fisioterapeutas. “Estamos todos a aprender a viver outra vez”, acrescentaram. A opinião da Diretora Clínica foi semelhante: “percebemos de imediato que a população percebe o tempo em que vivemos e é extremamente rigorosa e cumpridora”. DC
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