O envelhecimento populacional é hoje um fenómeno universal, característico tanto dos países desenvolvidos como dos países em vias de desenvolvimento. A nível europeu, o panorama demográfico assenta na convergência de três fatores: o envelhecimento da população, a taxa de fertilidade inferior ao número de nascimentos necessários para garantir a renovação das gerações e as mutações da população ligadas aos movimentos migratórios. Portugal não é alheio às mutações demográficas e, segundo o estudo da Plataforma para o Crescimento Sustentável, é considerado o sexto país mais envelhecido do mundo. Em 2051 terá menos população (8,4 milhões habitantes) do que em 1950, resultado do fenómeno do envelhecimento, embora com uma população mais instruída e saudável. Face ao decréscimo da população jovem, a par do aumento da população Idosa, em 2080, o índice de envelhecimento aumentará significativamente, passando de 147 para 317 Idosos por cada 100 jovens. O aumento da esperança média de vida, associado à emergência do novo conceito de família em detrimento da família nuclear, ao investimento das mulheres nas suas carreiras profissionais cada vez mais resplandecentes, aos casamentos tardios, ao controlo da natalidade através de políticas do filho único, ao aumento de separações/ divórcios são também fatores com repercussões no processo de envelhecimento. Se antes era visto de uma forma tão natural, como simplesmente envelhecer, hoje é rodeado de uma grande complexidade. Se por um lado, falamos em envelhecimento ativo onde o Idoso é parte integrante da sociedade no pleno exercício da sua cidadania, também temos que, e obrigatoriamente, falar da ancianidade com dependência. O envelhecimento apresenta-se pois como um dos problemas centrais do século XXI, conduzindo a colossais exigências em termos das relações intergeracionais, das transferências económicas entre os diferentes grupos etários, conduzindo ao desequilíbrio entre os ativos e não ativos e produzindo riscos que são intrínsecos à sustentabilidade dos sistemas. Os maiores desafios colocados à sociedade portuguesa assentam no envelhecimento da população, na reduzida taxa de natalidade, no aumento do índice de dependência e na incapacidade de renovação geracional. As políticas transversais e multidisciplinares que assentam na equidade das relações intergeracionais são requisitos cada vez mais imprescindíveis à dinâmica das Organizações. A dependência associada à institucionalização e à necessidade de uma prestação de serviços cada vez mais adequada às limitações e patologias dos clientes remete-nos para a urgência na delimitação de medidas ao nível do poder político, que combatam a segregação geracional e que simultaneamente promovam respostas mais solidárias entre gerações e uma Sociedade mais sustentável para todas as idades. A Intervenção do Departamento de Acolhimento e Apoio a Idosos da Fundação CEBI, através da Estrutura Residencial para Pessoas Idosas, do Centro de Dia e do Serviço de Apoio Domiciliário, continua a pautar-se por práticas cada vez mais consistentes, personalizadas e ajustadas às novas realidades, sempre focadas, no bem-estar pessoal e coletivo e na promoção e manutenção da autonomia dos clientes. Novas respostas tornam-se necessárias, quer a nível da Estrutura Residencial, quer a nível do Centro de Dia e da intervenção no domicílio dos clientes, que assentem num conjunto de serviços a prestar por equipas multidisciplinares, qualificadas na área da gerontologia/geriatria, por forma a promover a autonomia e a retardar a institucionalização.
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