Despertar CEBI | Março 2021 | Intervenção Comunitária CEBI

para o seu filho foi uma das suas pri - meiras preocupações.

três anos depois, já em 2021, o vínculo de Franchiele à CEBI seja muito menor. Tem trabalho, uma casa arrendada e a entrevista que gentilmente nos concedeu foi realizada através de uma plataforma de videoconferência, num computador portátil adquirido por si. Está orgu- lhosa. “Mas não foi fácil. Há momentos de grande desespero, de angústia, de solidão mas desistir nunca foi opção”. A resiliência foi um fator preponde- rante para o sucesso e está espelhada no rosto desta utente. A sua “famí- lia também está no DISC”, afirmou-nos, a quem está eternamente agradecida. A todos, sem exceção. Franchiele, com sacrifício, conseguiu reunir verba para regressar ao Brasil para um curto período de férias. É o corolário de um grande esforço para rever as outras duas filhas, maiores de idade, cuja vida está estabelecida no seu país natal. Apesar deste caso de sucesso que podia igualmente ser retratado noutras famí- lias, a pobreza e a exclusão social estão a assumir números preocupantes e prevêem-se processos de contínua deterioração das condições de vida de várias famílias que já se encontravam numa situação de vulnerabilidade, bem como de agregados que até então tinham as suas vidas organizadas do ponto de vista financeiro. Todos os interventores comunitários encontram-se sob grande pressão, quer pelo aumento do número de beneficiários e pedidos de ajuda, quer pela dificuldade acrescida em manter a atividade face a um risco de contágio do novo coronavírus SARS-COV-2 e das suas variantes. Mas o desafio do DISC mantém-se. Continuar a mobilizar-se em torno do Desenvolvimento Humano, numa procura incessante pelos “seus” Casos de Sucesso.

FUNDAÇÃO CEBI – O PORTO DE ABRIGO Alverca acabou por ser a cidade que a acolheu. Algum tempo depois, conheceu a Fundação CEBI e Gustavo foi aco- lhido por uma Ama Familiar. As res- postas sociais e educativas estiveram sempre presentes e acompanharam as dificuldades de inserção desta família. Mas Franchiele perante as adversida- des que foram surgindo, sentiu-me mais confortável em regressar ao seu país de origem. No entanto, a relação com Portugal não terminou ali. Em 2017 regressa e com ela o sonho que permanecia intacto. Lutar por um futuro melhor. E a CEBI voltou a ser o seu porto de abrigo, num trabalho interdepartamental que culmi- nou com a atuação do Departamento de Intervenção Social e Comunitária. “Foi a única resposta quando mais ninguém estava ao meu lado”, afirmou. Um reflexo claro daquilo que está plasmado na mis- são desta Fundação: “Apoiar o desenvol- vimento efetivo da Comunidade, em espe- cial dos seus grupos mais vulneráveis, com vista à melhoria da sua qualidade de vida”. A FORÇA INTERIOR COMO FATOR PARA INVER- TER O CICLO No DISC, Franchiele recebeu uma res- posta personalizada e iniciou, em con- junto com os técnicos, o seu processo de inserção e construção de autonomia, que se pretende perdure no tempo. Para além de uma ajuda concreta e imediata - bens alimentares e outros géneros - a intervenção de fundo foi clara: inter- romper o ciclo de crise que normalmente se autoalimenta. A matriz de intervenção fez com que

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